segunda-feira, 22 de maio de 2017

Chama do Carijo será acesa no Monumento aos Maragatinhos

Foto: Priscila Devens/AI
O lenço vermelho e o lenço branco, de maragatos e chimangos, ainda tremulam ao pescoço em Palmeira das Missões. Não mais com sentido político ou simbolizando o acirramento dos ânimos, como em tantas oportunidades, o Rio Grande do Sul foi marcado. Hoje, simbolizam as cores da tradição gaúcha e o reconhecimento social àqueles que ofereceram suas vidas a uma causa, a um proposito que julgavam maior que sua própria existência.

Fato emblemático na história palmeirense ocorreu no dia 04 de junho de 1923, durante a Revolução de 1923, na qual chimangos e maragatos escreveram sua história. Devido os ânimos alterados pela guerra, um grupo de revolucionários (maragatos) liderados pelo Caudilho à pé, Leonel Rocha, intentou  tomar a vila de Palmeira das Missões, a qual estava fortificada. Antevendo este ataque, as forças defensivas haviam se organizado: as forças chimangas estavam em prontidão. Inclusive, as ruas principais da cidade contavam com “minas terrestres”, confeccionadas com latas de querosene cheias de explosivos. Além disso, as tropas legalistas haviam recebido o reforço de contingente com os soldados “provisórios” da Brigada Militar. Neste contexto bélico, a balança pendia para o lado dos chimangos: os revolucionários foram repelidos pelas forças legalistas lideradas pelos chimangos tendo à frente o Coronel Vazulmiro Dutra.

Conta a história, que após uma sangrenta batalha, os revolucionários saíram em desvantagem. Inferiores numericamente e com armamentos precários, os maragatos foram rechaçados. Entre seus mortos, ficaram abandonados no cenário da batalha, três maragatos: dois destes, próximos à sanga do Maragatinho, no atual bairro de mesmo nome.  O terceiro, ficara dentro do perímetro urbano da vila, e, assim, fora retirado de dentro da cidade arrastado na chincha de um cavalo, por João Anselmo, pertencente ao 3º Corpo Provisório da Brigada Militar.

Os desafortunados combatentes caídos, abandonados, foram sepultados em cova rasa nas imediações onde jaziam, provavelmente por pessoas da vizinhança. Mais tarde, um túmulo em alvenaria foi erigido, simbolizando materialmente o local do ocorrido. No decorrer dos anos, populares passaram a visitar o local, acendendo velas. Pedidos de ajuda aos “heróis maragatos” eram feitos e, agradecimentos por possíveis intercessões externados.

O monumento hoje erguido serve de local de visitação como ponto histórico e também para a realização de rituais religiosos. Mais que um símbolo de guerra e morte, o monumento aos Maragatinhos evoca um passado de bravura e coragem. Que os dias atuais sejam também de luta e valentia, não entre chimangos e maragatos, mas sim contra tudo aquilo que inibe o crescimento intelectual, social e econômico de uma comunidade.

Devido a grande importância deste fato histórico, neste ano, a Chama do Carijo será acesa junto ao Monumento aos Magaratinhos, na quinta-feira, dia 25 de maio, às 15h30min. A chama será conduzida em cavalgada organizada pela 17ª Região Tradicionalista, integrando participantes oriundos dos grupos Cavaleiros do Mercosul, de Passo Fundo; Cavaleiros da Província de São Pedro e do Sentinelas dos Pampas, de Carazinho; Cavaleiros do Piquete Raízes da Terra, de Sarandi; Cavaleiros de Chapada e Boi Preto; Cavaleiros do Grupo Unidos na Tradição, de São Miguel do Oeste (CTG Porteira Aberta). A centelha, conduzida desde o Monumento dos Maragatinhos, permanecerá acesa junto à entrada dos pavilhões do Parque de Exposições ao longo das quatro rondas de Carijo.


Obras de referência:
SOARES, Mozart Pereira. Santo Antônio da Palmeira, 2004.
ARDENGHI, Lurdes Grolli. Caboclos, ervateiros e coronéis, 2003.

Colaboração:
Hélio Antônio Ardenghi Boeri

Henrique Pereira Lima

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