Foto: Priscila Devens/AI
|
O lenço vermelho e o lenço branco, de
maragatos e chimangos, ainda tremulam ao pescoço em Palmeira das Missões. Não
mais com sentido político ou simbolizando o acirramento dos ânimos, como em
tantas oportunidades, o Rio Grande do Sul foi marcado. Hoje, simbolizam as
cores da tradição gaúcha e o reconhecimento social àqueles que ofereceram suas
vidas a uma causa, a um proposito que julgavam maior que sua própria
existência.
Fato emblemático na história palmeirense
ocorreu no dia 04 de junho de 1923, durante a Revolução de 1923, na qual
chimangos e maragatos escreveram sua história. Devido os ânimos alterados pela
guerra, um grupo de revolucionários (maragatos) liderados pelo Caudilho à pé, Leonel Rocha, intentou tomar a vila de Palmeira das Missões, a qual
estava fortificada. Antevendo este ataque, as forças defensivas haviam se
organizado: as forças chimangas estavam em prontidão. Inclusive, as ruas
principais da cidade contavam com “minas terrestres”, confeccionadas com latas
de querosene cheias de explosivos. Além disso, as tropas legalistas haviam
recebido o reforço de contingente com os soldados “provisórios” da Brigada
Militar. Neste contexto bélico, a balança pendia para o lado dos chimangos: os
revolucionários foram repelidos pelas forças legalistas lideradas pelos
chimangos tendo à frente o Coronel Vazulmiro Dutra.
Conta a história, que após uma sangrenta
batalha, os revolucionários saíram em desvantagem. Inferiores numericamente e
com armamentos precários, os maragatos foram rechaçados. Entre seus mortos,
ficaram abandonados no cenário da batalha, três maragatos: dois destes,
próximos à sanga do Maragatinho, no atual bairro de mesmo nome. O terceiro, ficara dentro do perímetro urbano
da vila, e, assim, fora retirado de dentro da cidade arrastado na chincha de um
cavalo, por João Anselmo, pertencente ao 3º Corpo Provisório da Brigada
Militar.
Os desafortunados combatentes caídos,
abandonados, foram sepultados em cova rasa nas imediações onde jaziam, provavelmente
por pessoas da vizinhança. Mais tarde, um túmulo em alvenaria foi erigido,
simbolizando materialmente o local do ocorrido. No decorrer dos anos, populares
passaram a visitar o local, acendendo velas. Pedidos de ajuda aos “heróis
maragatos” eram feitos e, agradecimentos por possíveis intercessões externados.
O monumento hoje erguido serve de local de
visitação como ponto histórico e também para a realização de rituais
religiosos. Mais que um símbolo de guerra e morte, o monumento aos Maragatinhos
evoca um passado de bravura e coragem. Que os dias atuais sejam também de luta
e valentia, não entre chimangos e maragatos, mas sim contra tudo aquilo que
inibe o crescimento intelectual, social e econômico de uma comunidade.
Devido a grande importância deste fato
histórico, neste ano, a Chama do Carijo será acesa junto ao Monumento aos
Magaratinhos, na quinta-feira, dia 25 de maio, às 15h30min. A chama será
conduzida em cavalgada organizada pela 17ª Região Tradicionalista, integrando
participantes oriundos dos grupos Cavaleiros do Mercosul, de Passo Fundo;
Cavaleiros da Província de São Pedro e do Sentinelas dos Pampas, de Carazinho;
Cavaleiros do Piquete Raízes da Terra, de Sarandi; Cavaleiros de Chapada e Boi
Preto; Cavaleiros do Grupo Unidos na Tradição, de São Miguel do Oeste (CTG Porteira
Aberta). A centelha, conduzida desde o Monumento dos Maragatinhos, permanecerá
acesa junto à entrada dos pavilhões do Parque de Exposições ao longo das quatro
rondas de Carijo.
Obras de referência:
SOARES,
Mozart Pereira. Santo Antônio da Palmeira, 2004.
ARDENGHI,
Lurdes Grolli. Caboclos, ervateiros e coronéis, 2003.
Colaboração:
Hélio Antônio Ardenghi Boeri
Henrique Pereira Lima